7 de out. de 2009

Sinto o Canto dos meus Lábios

Despretensiosamente, como um gesto de retidão, me rendi a mim mesmo.
Inicio o texto assim, porque sei bem onde ele vai terminar: num largo sorriso abraçado pelos traços mais fortes que tenho - meus olhos!
Foi assim que retornei aos passos mais leves e seguros da minha inocência. A verdadeira condição de se estar é a realidade da verdade de o Ser.
Nada melhor do que não saber, pois sinto hoje a inevitável curiosidade de descobrir. E assim, como toda condição una de sentir, fico parado estatelado diante tantos sabores. Sabores que alimentam a única fome que tenho hoje: fome da vida!
Não passei fome, mas fiz um regime danado por estes anos. Tirei da mesa o açúcar que adoçava minhas manhãs, tornando-me assim um exímio degustador de paladares agressivamente salgados.
O que não fazemos para viver. Eu, particularmente, não sei. Nunca fiz nada.
Gostava tanto dos detalhes machadianos, silenciosamente narrados em páginas quase que amarelas e das frases escondidas entre as sombras das linhas de Pessoa. No entanto hoje prefiro linhas claras e simples como as de Cora Coralina.
Pensando bem, não preciso mais de cores inusitadas disfarçando os tons de cinza: quero mesmo um amarelo claro e o azul básico. Com eles já faço minha festa. Não procuro mais por enfeites exóticos. Um balão vermelho já me faz flutuar.
Não procuro mais por concertos, divirto-me com cantigas de roda.
Frases e pensamentos – deixo-lhes para minhas apresentações. De agora em diante faço uso das minhas palavras e deixo soltos meus pensamentos. Quem sabe um dia enquanto andam por aí, distraídos - minhas palavras e meus pensamentos, não sinto a fugacidade de os terem roubado de mim!

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