14 de dez. de 2009

De Dentro pra Fora

Eu queria falar de tanta coisa, tantos assuntos, mas de repente veio um branco, um branco não... Minha cabeça escureceu, não ficou vazia, ficou cega.
Sei lá se ficou cega ou ficou fechada num quarto escuro.
Eu já entrei num quarto fechado e escuro. E fiquei parado esperando a visão se acostumar com a escuridão para poder enxergar aquela nova situação. Mesmo quando o quarto é conhecido, parece que nada ali está no lugar.
Quero falar de tudo e ao mesmo tempo sem dizer nada. Por que muitas vezes as pessoas acham que ao ler um texto elas devem encontrar ali alguma coisa? Por que não temos a experiência de ao ler um texto perder algo nele? Como se algo ali ficasse e você simplesmente estaria sem o poder da compreensão. Sem a incrível condição de entendimento e assimilação.
Um texto sem sinônimos, com vocabulário em dialetos. Uma linguagem pela metade, assim não nos fartamos de uma vez...
Um texto que revelasse segredos sem contá-los. Algo de dentro pra fora, mas que de fora se tem a nítida impressão que se está dentro.
Eu fico horas tentando descobrir o que está lá fora, mas não vejo a janela para abrir. Não sei onde se acende a luz.
Ouço vozes e arrisco passos, vez ou outra tateio algo pelos cantos, ai começa o jogo de adivinhações. Nem sempre acerto, mas nem sempre me preocupo em acertar. Do que adianta o conhecimento nesta imensa escuridão. É como ouvir aquela voz dizendo por aqui e por ali, quem garante que entre e um passo e outro se vão “as canelas” – quem confia?
Quem ta dentro pode ver tanto quanto você e quem está de fora às vezes não vê nada.
Na verdade ninguém acaba vendo nada.
E quando vê, se está dentro não enxerga bem e de fora, bem de fora...
De fora agente vê muito pouco. Como se olhasse de dentro pra fora e a vista fosse distorcida pela percepção equivocada daquilo que se vê.
O quarto fechado recolhe-se na escuridão e as palavras na mente fogem na confusão de um dos “sentidos”.

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